Por trás do lindo véu de seda branca uma incógnita instigante: o que Meghan Markle está a dizer ao mundo?
Ativista americana, divorciada, atriz bem-sucedida, afrodescendente. E nascida três anos antes do noivo. Quem encaixaria esse perfil a realeza britânica?
O amor.
Harry, o filho caçula de Lady Di, a Princesa de Gales que comoveu o mundo, parece ter descoberto algo mais nobre do que o costumeiramente sugerido pela tradição burguesa dos bons casamentos planeados em interesses e meras convenções sociais que alicerçam a monarquia.
A final, os casamentos reais sempre falaram muito mais do que propriamente os sentimentos experimentados pelos noivos.
Assim, mais do que um conto de fadas, o que Harry e Meghan simbolizam é um novo perfil das configurações sociais que, sem desprezo a tradição, renovam os costumes e trazem à cena o senso da realidade contemporânea: a mulher independente, o culto ecumênico, a miscigenação racial.
Essa quebra de paradigma enfrenta, ao menos, três ícones do debate atual: a igualdade de gênero, a liberdade religiosa e a discriminação racial.
E ela? Bem, para além da filantropia, espera-se que Meghan Markle engaje seu ativismo no levantamento do outro véu, aquele que separa a as mulheres que sequer tem o direito de ter orgasmo daquelas que tem potencial suficiente para entrar sozinhas na Igreja e integrar a Corte Inglesa.
Conte comigo, querida!
Lisboa, 19 de maio de 2018.
Ângela Konrath
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